Constantemente essa relação entra em choque e nem passa percebida. As duas esferas se situam na mesma órbita, girando em torno do mesmo ser, mas com uma disparidade absurda...Fico pensando em quando se tornaram imperceptíveis, e ainda em quando voltarão a se ver e se tocarem? Professor tem seu papel definido, os pais idem. Ambos anseiam (por um período em comum ) chegarem ao mesmo objetivo, que é ver a criança feliz, acomodada e aprendendo. Daí a questão: Se o objetivo é o mesmo, por que não andam juntos? Se por uma lado é comum ouvir que os pais não participam, quando no papel de professor, por outro é doloroso ver que o professor não atentou a uma mensagem sua, enquanto mãe..
Fico confabulando como seria o comportamento trocado desses seres importantes demais, que não se tocam!Como pensaria o professor, estando no papel de pai, ao ouvir suas queixas de que "os pais nem se importam?". Como reagiria o pai , estando no papel de professor ouvir de seu aluno(filho) que "meu pai falou que você manda coisas demais e que ele não tem tempo!"?
Há professores que se queixam de responder a tantos recados da agenda, há ainda os que sucintamente o fazem e os que simplesmente ignoram. Há pais que jamais leram a agenda do filho, e os que se incomodam com tantos recados.
Eu vivo todos os dias esses dois lados, e fico machucada com essa distância imaginária absurda que fora construída desde não sei quando. Ora, se cada um desses usassem a regrinha de ouro: "Somente faças ao outro o que queres que te façam" ficava fácil.
Como professor basta se colocar no lugar do pai, e pensar: " Como pai, como eu gostaria de ser respondido?" e como pai basta se colocar no lugar de professor e se perguntar:" Como professor , como eu gostaria de receber essa mensagem?". Pronto...receita feita. Como mãe eu adoro que os meus recados sejam respondidos, porque vejo neles um meio de comunicação que muitas vezes não é possível fisicamente. Como professora respondo com alegria ( e não há exagero algum aqui) todos os recados o mais detalhado possível. Isso consome menos que 10 minutos da minha rotina, e frequentemente me garante a participação dos pais por uma ano inteiro!
Não consigo ver lógica no comportamento do professor que expõem o aluno diante de um recado recebido, com comentários como: " Poxa vida, fulaninha, eu já tinha te falado como era isso, não precisava sua mãe escrever!" ou ainda " Mais um recado? Você falou para sua mãe o que combinamos?" Isso para alunos com menos de 10 anos de idade e pasmem, diante da sala toda!!! A aluninha vai sim levar o recado para a mãe, na verdade como súplica: " Por favor, não mande mais recados não? A professora não gosta!". Acabou a relação...Fim da ligação!!
Eu prefiro infinitas vezes mais o pai e mãe que me mandam recados, não importa com qual frequência e nem de que tamanho, ao que eu não consigo contatar nem via agenda, nem telefonando, nem mandando recados...Eu estou com o que eles têm de mais valioso, e preciso dizer a eles como está sendo nossa relação!
Resultado desse paradigma é que os professores sofrem com a própria atitude.A ficção tratou de sugerir a troca de papéis a fim de que um entenda o que é ser o outro, haja visto filmes como "Sexta-feira muito louca" "Se fosse você" O Natal de Scrooge" e etc...Vamos refletir sobre isso também?
Vamos nos colocar no papel do outro e tentar acertar nas respostas, na conduta , no olhar? Penso , sinceramente que iniciaremos uma nova cultura onde as coisas tendem a ser melhores atendidas e as pessoas mais felizes...fica a dica!!